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Terapias ayurvédicas de oleação – Continuação

Como apresentamos uma visão ampla das terapias de oleação no texto anterior, vamos, a seguir, aprofundar o tema de acordo com seus métodos, ferramentas e recursos naturais. Assim, nas próximas semanas, analisaremos desde o preparo necessário da pessoa que receberá os procedimentos até os resultados esperados e não esperados ao final das aplicações. Neste contexto passaremos pelas técnicas e como elas efetivamente devem agir no organismo.

O momento mais propício para receber as terapias de oleação depende de cada pessoa, efeito desejado, clima e local onde se está. Já tratamos que as meias estações são as mais indicadas para os procedimentos. No entanto, devemos considerar que, nos tempos acelerados atuais, o melhor momento é aquele possível. Os textos clássicos nos dão uma visão do tratamento ideal e completo, por isso seguindo-os cumpriremos fielmente o papel de terapeutas. Precisamos então encontrar o ponto de equilíbrio entre o ideal e o possível a cada realidade que se nos apresenta para atendimento.

Em relação ao dosha em desequilíbrio, Charak, indica no capítulo XIII, Terapias de Oleação que

Quando vata e/ou pitta estiverem desequilibrados e durante o verão, a terapia de oleação deve ser administrada à noite. Quando kapha estiver desequilibrado e durante o inverno, esta terapia é administrada ao meio-dia. (ver.19)

Nos comentários do mesmo verso, Bhagwan Dash reforça que se o desequilíbrio for pitta-kapha ou vata-kapha devemos seguir a orientação para kapha. Possivelmente por ser o desequilíbrio que mais compromete o agni (fogo digestivo).

Tudo certo, até aqui vimos quais são as terapias de oleação, quem não pode receber estes procedimentos, quais os momentos ideais para a melhor absorção. Recapitulando e acrescentando:

Terapias de oleação

“o uso de substâncias lubrificantes deve ser feito de forma inteligente, seja misturado com comestíveis, alimentos ou usados ​​através de enema, gotas nasais, unção sobre o corpo, gargarejos, unção sobre a cabeça, enchimento dos olhos e ouvidos” (Ashtangha samgraha. Cap.25 verso 16)

Pessoas não aptas

“obesos, fracos, aqueles que sofrem de rigidez nas coxas, diarreia, ama (toxinas digestivas), doenças da garganta, gara (envenenamento homicida), desmaios, vômitos, perda de apetite, doenças de origem kapha, sede, intoxicação alcoólica, parturientes e aqueles que estão em terapias como medicação nasal, enema e purgação. (Ashtanga samgraha, cap.25. versos 8b-9)

Melhores períodos para aplicação

Em geral nas meias estações (outono e primavera).
Desequilibrios de Vata e/ou pitta e no verão = a noite.
Desequilibrios de Kapha e no inverno= ao meio-dia.

Dr. Vasant Lad chama a atenção sobre o tempo de aplicação das terapias de oleação, que deverão seguir até desaparecerem os sintomas dos desequilíbrios. Esta situação pode perdurar por dias ou meses, com observação constante da recepção do organismo aos procedimentos e a realização de ajustes, caso precise. Entre outros fatores, a retomada da saúde da pessoa em tratamento depende da severidade do desequilíbrio ou doença, há quanto tempo está instalada a situação e o quanto de motivação para a cura ela possui. Lembrando sempre dos ajustes necessários na alimentação e na rotina diária (física, emocional e mental).

Consideramos relevante pontuar sempre com o atendido que uma situação de adoecimento cultivada por anos, através de pequenos (ou grandes) maus hábitos, desconhecimento de seu organismo e mesmo descuido com sua saúde, não será resolvida em pouco tempo. Neste contexto, referenciamos um relato de caso que a terapeuta Gisele de Menezes, responsável pelo Povo em Pé Centro de Yoga e Ayurveda apresentou em 2021, no Congresso Mundial de Yoga e Ayurveda. Na apresentação é contado todo o processo corrente de tratamento para uma pessoa em desequilíbrio de pitta e como, ao longo de três anos, consulente e terapeuta foram interagindo para seu melhor resultado. O caso é demonstrativo tanto do conhecimento aplicado quanto da persistência e engajamento mental e emocional das duas partes. É possível acessar a exposição completa no canal da terapeuta: clique aqui.

 


Referências

Dr. SHARMA, R.K. e Dr.DASH, Bhagawan. Charaka Samhita de Agnivesa. Índia. Editora Chakpori: 1972. Traduzido para o português por Dra Yeda Ribeiro de Farias e Williams Ribeiro de Farias.
LAD, Vasant. The complete book of Ayurvedic remedies. USA. Harmony Books, 1999.
MURTHY, K.R. Srikantha. Vagbhata’s Ashtanga Samgrah. Índia. Jayanaga: 1991.
RUGUÊ RIBEIRO JR, José e FRAWLAY, David. Escola Yoga Brahma Vidyalaya. Formação de Terapeuta Ayurveda (Apostilas do curso). Uberlândia/MG, 2017-2020.

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